CAPRICHOSO EM CRIAÇÃO: BUMBÁ ESTÁ EM PROCESSO DE
FINALIZAÇÃO DO NOVO CD ‘VIVA PARINTINS!’
Foram inscritas cerca de 200 toadas, mas apenas 21
canções foram selecionadas e farão parte do registro final, com proposta instrumental
inovadora
LAYNNA FEITOZA – A CRÍTICA
O Boi Caprichoso já está correndo com as gravações do seu
próximo disco de toadas para 2016. Sob o tema “Viva Parintins!”, o bumbá
promete inovar na sonoridade, incluindo e levando instrumentos que ainda não
foram levados para o estúdio e, consequentemente, para a arena do Bumbódromo da
Ilha Tupinambarana. Por conta disso, o BEM VIVER foi até o estúdio Amazonas
Arts para saber como anda o processo de produção do álbum.
Segundo o produtor executivo do disco, Carlos Kaita, o
processo todo se inicia logo após o fim das atividades do Festival Folclórico,
onde a agremiação lança o edital para inscrição de toadas. “A gente teve cerca
de 200 toadas inscritas, para filtrarmos ao número que ficou no CD, o total de
21 músicas”, lembra ele. As gravações iniciaram no dia 20 de fevereiro, mas
antes mesmo desta data a equipe do bumbá azul vem se reunindo, após a seleção
das toadas, para avaliar como serão cumpridas as demais etapas.
Como as toadas são carregadas de arranjos e de
complexidade instrumental, Carlos destaca que o que se grava primeiro é a
percussão. “Depois gravamos as cordas para chegarmos nas vozes do backing
vocal. Só depois chegamos na voz final, que é a do David Assayag (levantador de
toadas)”, elucida o produtor. Até o momento, a percussão já foi gravada e as
cordas já foram finalizadas. Após o fim das gravações, Carlos explica que
deverá haver cinco dias voltados para a mixagem e masterização do álbum. “No
máximo até o dia 15 de março devemos estar com o master pronto para mandar à
fábrica”, destaca ele.
Percebe-se que, na música-tema do disco (“Viva
Parintins!”) existe uma certa referência às batidas do Nordeste e do Pará, mas
sem perder o gingado do boi bumbá. “Falando de Parintins temos que trazer
novidades, porque nosso público gosta disso. E vamos levar essa batidinha para
a arena, junto com a sanfona. Ainda vamos tentar levar a zabumba para o
Bumbódromo. E a Marujada de Guerra vai tentar acompanhar”, destaca Roberto
Júnior, um dos compositores do touro negro.
Na mágica da toada
Conforme explica o produtor musical do disco, Valdenor
Filho, a concepção dos arranjos e demais notas sonoras dependem da “viagem” do
compositor na letra da toada, na qual os produtores precisam embarcar também.
“Tentamos mergulhar com os compositores na parte dos arranjos, para ter algum
vínculo. Os compositores sugerem, nos contam as histórias, principalmente das
lendas e dos rituais, e nós temos que ir junto”, destaca o produtor.
Ainda segundo Filho, outra novidade na composição sonora
do touro negro é a introdução dos instrumentos de metal na toada referente à
lenda amazônica do Caprichoso deste ano. “A lenda fala de um arraial que
acontece no interior. Para lembrar essa questão do interior, e do Pinduca (que
tocava no interior do Amazonas) o metal foi sugerido. Principalmente para ser
uma lenda mais alegre e não ficar algo puxado para o suspense ou para a
tensão”, pontua Valdenor.
Marujeiros de estúdio
Das centenas de ritmistas do Caprichoso que você vê
rufando os tambores no Festival Folclórico de Parintins, apenas doze marujeiros
são selecionados para participar das gravações dos discos do bumbá. Na
categoria dos instrumentos, quatro surdos, duas caixas, dois repiques, quatro
palminhas e dois rocares integram este processo. “Nós sempre revezamos com marujeiros
que se destacam em cada ano”, pondera Roberto Júnior.
A faixa etária dos marujeiros de estúdio é diversa, com
pessoas de todas as idades. “Neste ano, vamos valorizar mais as palminhas, os
repiques, e o som dos surdos. Vamos valorizar mais a parte percussiva que
lembra as toadas antológicas do boi. A cada ano que passa, temos marujeiros
melhores no Caprichoso. Temos um olhar clínico nos ensaios, e sabemos quem pode
dar um toque a mais nas toadas”, finaliza ele. (A Crítica)
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