sábado, 30 de abril de 2016

● No auge da produção, em 1960, mais de 60 mil famílias das áreas de várzea dos Estados do Amazonas e Pará viviam da extração das fibras de juta, sem contar as fábricas e prensas que surgiram e outras que se transferiram do Sudeste para o Norte

ESTUDO CONTA A HISTÓRIA DA CULTURA DA JUTA E DA MALVA NO BRASIL E AMAZÔNIA
Jornal A Cítica 
O cultivo da fibra juta e da planta malva no Amazonas fez do Brasil o único país fora da Ásia a fazer concorrência à produção indiana dos materiais. A pesquisa é realizada por Aldenor da Silva Ferreira
Para contribuir com a retomada de pesquisas sobre o cultivo da juta e da malva na Amazônia, o pesquisador Aldenor da Silva Ferreira desenvolveu um estudo com um resgate histórico sobre a cultivação da fibra vegetal juta e da planta malva no Brasil, especialmente no Amazonas, desde a época do final do Império.
A pesquisa também tem por objetivo verificar os desdobramentos sociais, econômicos e ambientais do cultivo da juta e da malva, além de produzir novos conhecimentos sobre essas modalidades agrícolas. O estudo recebe apoio do Governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
 “A ideia de contar a história de juta e da malva (que também foi explorada de forma industrial) foi produzir novos conhecimentos acerca dessas modalidades agrícolas, corrigindo algumas informações equivocadas, como a que afirma que o cultivo dessas plantas só ocorreu na Amazônia", disse o pesquisador.
Com o título “Fios dourados dos trópicos: a história da cultura de juta e malva no Brasil e de juta na Índia”, o estudo foi no âmbito do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH Doutorado) da Fapeam.
Segundo o estudo, a cultura da juta e, mais tarde, da malva no Amazonas fizeram do Brasil o único país fora da Ásia a fazer concorrência à produção indiana. No auge da produção, em 1960, mais de 60 mil famílias das áreas de várzea dos Estados do Amazonas e Pará viviam da extração das fibras de juta, sem contar as fábricas e prensas que surgiram e outras que se transferiram do Sudeste para o Norte e se instalaram em cidades polos, como Castanhal, Belém e Santarém, no Pará, e Parintins e Manaus, no Amazonas, fazendo o Brasil autossuficiente para importação da fibra.
De acordo com o pesquisador, a ligação com a Índia se dá por esse país ser líder mundial na produção de juta bruta e manufaturada e foi de lá que vieram as sementes dessa planta para o Brasil. Para Aldenor Ferreira, além de estudar de onde se originou a juta no Brasil, outro ponto que motivou a pesquisa na Índia foi a possibilidade do intercâmbio entre os Estados do Amazonas, Pará e Bengala Ocidental (na Índia), no campo da produção de fibras vegetais.
"Na Índia, eles possuem dezenas de instituições de pesquisas que trabalham exclusivamente com a cultura da juta e fibras similares e promovem estudos de melhoramento genético da cultura, além do desenvolvimento de novos produtos feitos a partir de fibras de juta. Isso contribui bastante para as pesquisas sobre o desenvolvimento de juta no Brasil", afirmou Ferreira.
Segundo o pesquisador, o estudo pode servir como solução econômica viável frente ao cenário econômico atual. "Em tempos de crise econômica mundial, políticas públicas voltadas para a substituição das importações são estratégias de controle de saída de capital, além da geração de emprego e renda no campo e também nas cidades", ressaltou Aldenor Ferreira.
Estudo virou livro
O estudo resultou em um livro também com apoio da Fapeam, publicado pela Editora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A obra trata da vida dos trabalhadores da juta e da malva do Baixo Solimões e é resultado da dissertação do mestrado de Aldenor Ferreira.
"Quando a Agência incentiva e financia pesquisadores amazonenses como eu, que sou de Parintins, a realizarem pesquisas com temas que interessam diretamente ao Estado, ela não apenas está fomentando a pesquisa, como também está ajudando a resolver os problemas econômicos amazonenses. O tema da juta e malva é extremamente importante para o Amazonas, daí a importância da Fapeam no financiamento de pesquisas que tragam resultados práticos e que possam ser replicados dentro do Estado de forma direta ou indireta", disse o pesquisador. *Com informações da assessoria ACRITICA.COM

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