segunda-feira, 24 de outubro de 2016

● Mineirinho do ‘Porto de Lenha’ hino de Manaus, fala sobre os 30 anos da canção que se eternizou na vida e na alma dos amazonenses...




CO-AUTOR DE 'PORTO DE LENHA' É MINEIRO DE NASCIMENTO E MANAUENSE DE CORAÇÃO
Um dos autores da música que se tornou um dos símbolos de Manaus, o mineiro Torrinho adotou a capital amazonense como seu ‘porto de lenha’
A CRÍTICA  - Por Paulo André Nunes Manaus (AM)
O jornalista, publicitário, cantor e compositor José Evangelista Torres Filho, mais conhecido como Torrinho, 61, é mineiro de nascimento e manauense de coração. Seu maior legado é ter composto, em parceria com o jornalista e poeta Aldisio Filgueiras, um dos maiores hinos da música amazonense em todos os tempos: a canção “Porto de Lenha”, uma crítica ao caboclo amazônico que preferia exaltar a cultura de outros povos que a sua própria.

Hoje, passados mais de 30 anos de sua criação, e criticamente falando, ela continua atual ou não? Com a palavra, o próprio Torrinho: “Isso depende do conceito. A música foi adquirindo conceitos diferentes de geração em geração. Quando ela foi composta tinha um conceito. Aí passou de segunda a terceira geração, pois foi composta nos idos dos anos 70, e o que ela significava para nós, naquele período, quando foi feita, não é a mesma coisa que significa hoje para um jovem da geração atual. Mas eles fazem a sua leitura. Cada geração faz a sua leitura. E todas as pessoas que cantam essa música fazem ela ficar atual, fazem uma leitura atual dela sempre. É isso que eu acho bacana nela. E é isso que ela tem: um significado especial na minha trajetória como compositor. Eu sempre digo que Porto de Lenha está longe de ser a melhor música que eu fiz do ponto de vista estético, técnico. Mas eu não tenho dúvidas nenhuma que ela é tão importante que eu posso dividir a minha carreira entre antes e depois dela”.

O artista tem na carreira dois álbuns-sólos gravados: “Porto de Lenha”, de 1991/1992, e “Bailando na Escuridão”, esta de 2014. Fazer arte em Manaus não é difícil, diz Torrinho: a dificuldade está em divulgar, fazer essa arte acontecer e ser divulgada, ser vista e contemplada pelo público. E o inchaço de uma Manaus bem diferente de há mais de 30 anos causou esse problema, analisa ele. Mas o amor pela arte, especificamente pela música, fala mais alto.
Seu maior legado é ter composto, em parceria com o jornalista e poeta Aldisio Filgueiras, um dos maiores hinos da música amazonense em todos os tempos: a canção “Porto de Lenha”. Foto: Antonio Lima
“Essa é a maior dificuldade que enfrentamos, e quanto mais a cidade cresce, incha, como foi o caso de Manaus que, quando cheguei aqui, tinha menos de 300 mil habitantes e hoje conta com mais de 2 milhões. Os espaços para arte diminuem, ficam mais restritos nem por causa da concorrência, mas porque são abertos espaços para shows mais grandiosos, para espetáculos do show business, e a gente que faz um trabalho, digamos, mais alternativo, sem preocupação com a grande mídia, fica meio assim no esquecimento. Mas eu continuo fazendo arte porque o meu compromisso com a música que eu faço é um compromisso estético comigo mesmo e com as pessoas que acompanham meu trabalho mais de perto. Não faço minha música para um público elitista, e nem considero minha música sofisticada a esse ponto, mas tenho plena consciência que a grande mídia não se interessa muito pelo tipo de trabalho que eu realizo com a música”, desabafa ele. (A Crítica Manaus)

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