Vanessa MarquesManaus (AM)
Ganhar dinheiro de um jeito simples, mas com muita
criatividade. Assim faz o garçom desempregado Oyama Magalhães em um cruzamento
da avenida Brasil, no Santo Antônio, Zona Oeste de Manaus, onde ele vende água
mineral no semáforo. O seu diferencial? A forma como se apresenta para os
clientes. Usando trajes de garçom profissional, Oyama aborda os motoristas que
param o carro no sinal vermelho e oferece garrafas de água de 600 ml. Com
educação de quem está atendendo em um restaurante, o trabalhador conquista
clientes e faz da atividade o seu “ganha-pão”.
“Queria fazer algo diferente, percebi que a venda de água
nos sinais dava bons resultados, então usei a minha experiência como garçom
para trabalhar”, conta Oyama, que está no ponto de venda há menos de três
semanas e, mesmo sabendo falar inglês e um pouco de japonês, além de ter
experiência em vendas e hotelaria, não consegue se empregar.
O jeito de vender água do desempregado já está ganhando
fama. Uma das clientes gostou e postou uma foto no Facebook comentando a forma
como ele atende. A postagem ganhou repercussão e já possui quase 500
compartilhamentos e 1,8 mil curtidas.
“O movimento tá melhorando por conta dessa divulgação e é
bom receber esse retorno, saber que estou fazendo a coisa certa, sem atrapalhar
ninguém”, avalia.
Desde novembro de 2016, Magalhães está desempregado. Ele
já foi vendedor, garçom em hotel, enviou muitos currículos e, sem retorno,
começou a fazer “bicos” como entregador em um restaurante japonês e também a
entregar quentinhas para a cozinha da mãe. “Eu continuo procurando emprego, mas
não posso ficar esperando aparecer um, tenho um filho e preciso me sustentar”,
afirma.
Com a venda de água e o trabalho como entregador de
comida japonesa, ele consegue uma renda de mais ou menos R$ 1,5 mil por mês.
Magalhães conta que durante o pouco tempo que está no semáforo vendendo água,
algumas pessoas já lhe ofereceram emprego, mas nenhuma oportunidade efetiva.
Ele vende por dia aproximadamente 30 garrafas e diz que
por enquanto não pensa em mudar o local de suas vendas. “No início pensei em
trabalhar no cruzamento perto da Prefeitura, mas já tem muita gente trabalhando
naquela área. Aqui não tinha ninguém vendendo água, se eu tiver que mudar, será
para um lugar que não tenha muita gente, para não tomar o lugar de ninguém”,
explicou.
O garçom fica no semáforo próximo ao Centro de
Convivência da Família Magdalena Arce Daou, todos os dias, das 9h às 11h e das
15h às 17h30. No intervalo faz a entrega de quentinhas e à noite as entregas de
sushi.
A expectativa de Oyama é conseguir novamente um emprego
no ramo da hotelaria, lugar que se identificou e gostou de trabalhar por muitos
anos. (A Crítica)
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