● CAPACIDADE DO PT DE FAZER CAMPANHA DEVE LEVAR HADDAD AO
2º TURNO DIZ ECONOMISTA - Dentre as siglas de esquerda, a experiência e a
capacidade do Partido dos Trabalhadores (PT) em fazer campanha deverá levar o
ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (vice na chapa de Luiz Inácio Lula da
Silva, que deve ser impedido de concorrer em razão da Lei da Ficha Limpa) ao
segundo turno da eleição presidencial deste ano. A avaliação foi feita nesta
segunda-feira, 13, pela economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif,
depois de ter feito palestra para um grupo de cerca de 60 investidores da EU
Investimentos. “A dificuldade que vejo com a esquerda de uma maneira geral é a
falta de diagnósticos tão claros. Eu acho muito improvável o PT conseguir fazer
a repetição do primeiro mandato de Lula”, disse. De acordo com a economista da
XP Investimentos, Lula ganhou a eleição com muito apoio popular, se afastou da
agenda petista e implementou uma agenda ortodoxa na política macro e liberal e
na política pública de modo geral. Sobre Jair Bolsonaro, candidato do PSL,
Zeina chamou a atenção para o fato de ele ainda não ter um plano econômico
concreto. De acordo com ela, são apenas afirmações vagas. Sobre o apreço que
parte do mercado tem para com o economista Paulo Guedes, responsável pelo
capítulo econômico de Bolsonaro, Zeina disse que qualquer um que fale que é
preciso deixar a economia respirar com menos intervencionismo terá a simpatia
de uma parcela do setor produtivo e do mercado financeiro. Mas isso, de acordo
com ela, não é suficiente. Dilma, lembrou Zeina, ganhou a eleição e colocou o
Joaquim Levy, um economista ortodoxo da escola de Chicago, como ministro e deu
no que deu. “Não está claro o que é a convicção do Bolsonaro e nós estamos com
medo de uma repetição do Dilma 2”, afirmou, reiterando que é preciso ter a
convicção do presidente já que se trata de uma agenda de governo e não do
ministro da Fazenda. Além disso, a economista ressalta que tem a questão
política: “E o Bolsonaro não parece ter habilidade. Ele não conseguiu ser
candidato de uma sigla importante, não conseguiu aglutinar uma base
consistente, está muito isolado politicamente e isso, obviamente, traz uma
grande preocupação.” O investidor, de acordo com Zeina, é pragmático. Para ele
não importa o nome do candidato, se ele é de esquerda ou direita. “Qualquer um
que venha com uma agenda consistente, que condiz com as urgências do País,
mostre senso de urgência e capacidade política, é isso que o investidor vai
olhar”, afirmou. “É reformista ou não é, tem plano e capacidade de entrega? É
isso que importa no final do dia”, avaliou. (Estadão Conteúdo)
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