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CIENTISTAS E MÉDICOS RECOMENDAM AO CONGRESSO QUE ELEIÇÕES SEJAM ADIADAS - Um
grupo de médicos e cientistas discutiu na manhã desta terça (16) a necessidade
de adiamento das eleições municipais por causa da crise do novo coronavírus.
Eles se reuniram de forma virtual com os presidentes do
Senado, Davi Alcolumbre, da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e com
outros parlamentares para dar uma visão técnica da situação.
O encontro foi organizado pelo presidente do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que já havia conversado
anteriormente com os profissionais.
A opinião unânime de todos eles é a de que o pleito
precisa ser adiado, de outubro para novembro ou até mesmo dezembro.
Segundo o físico Roberto Kraenkel, especialista em
modelagem epidemiológica da Unesp e coordenador do observatório Covid-19, o
adiamento permitirá que o país ganhe tempo e que talvez a situação da epidemia,
até o fim do ano, esteja mais controlada.
Ele frisa que isso “não é tampouco uma certeza”, mas pode
ocorrer.
“Os meses de junho e julho serão críticos para a situação
epidêmica do Brasil”, disse ele. “Estamos com medidas de isolamento ainda e
existe um movimento pela reabertura [da economia] em muitos locais que ainda
crescem”, disse ele aos parlamentares.
Muitas das reaberturas seriam, portanto, temerárias.
“Seria necessário substituir o isolamento por uma
testagem em massa”, seguiu ele, afirmando que ela não está ocorrendo.
“É possível haver um repique [de casos de Covid-19] até
mesmo em agosto, se as reaberturas não forem bem sucedidas”, disse Kraenkel.
Daí a necessidade de adiamento das eleições.
“Em agosto será preciso reavaliar a situação do país,
para que possamos tomar pé dela”, disse ele.
O físico alertou ainda que “todas as previsões,
estimativas, tem que ser tomadas como probabilidades, e não como certezas”.
O biólogo Átila Iamarino afirmou que há outros fatores
que podem influir na curva epidêmica, como a sazonalidade.
Ele disse que o novo coronavírus pode se comportar como
outros vírus respiratórios, que se disseminam mais em determinadas estações do
ano.
“Isso explicaria por que a região norte tem agora uma
mudança brusca [com a queda do número de infectados pelo novo coronavírus]”,
seguiu ele.
O percentual de pessoas infectadas, estimado em 25%, não
explicaria a queda já que estaria longe do necessário para a chamada imunidade
de rebanho, que desacelerariam a velocidade de infecção.
A questão ambiental pode ser uma explicação, inclusive da
ascensão da curva de infecção na região sul do país.
Se a sazonalidade se confirmar como fator importante, a
situação em todo o país poderá estar mais controlada no fim do ano, quando
então se realizariam as eleições municipais.
Participaram da reunião também os infectologistas David
Uip e Esper Kallás, o sanitarista Gonzalo Vecina Neto e os epidemiologistas
Paulo Lotufo e Ana Ribeiro.
Uma PEC (proposta de emenda à Constituição) já foi
apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) prevendo que as eleições
pra prefeitos e vereadores, previstas para ocorrer no dia 4 de outubro, sejam
adiadas para 6 de dezembro.
Na justificativa, ele pondera que não se sabe, até o
momento, o tempo ainda necessário de afastamento “para minimamente controlar o
pico de expansão do vírus” ou mesmo “a descoberta de um medicamento ou vacina
que possa conter a doença”, o que recomendaria o adiamento do pleito municipal.
(Política Livre)
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