PMDB É ‘COADJUVANTE’ MAIS BEM-SUCEDIDO DA AMÉRICA LATINA
O PMDB vive no centro da crise política atual. Para o
Palácio do Planalto, o partido virou a bola da vez dos investigadores da Lava
Jato. Agora no poder, o PMDB é o partido mais exitoso entre os que têm vivido
na zona de conforto das disputas presidenciais na América Latina. Essa é uma
das conclusões do estudo financiado pela Fundação Getulio Vargas – Muito
Difícil de Administrar, Muito Grande para Ignorar –, dos pesquisadores Carlos
Pereira, Samuel Pessôa e Frederico Bertholini. O trabalho, inédito com previsão
de lançamento no Brasil no próximo trimestre, localizou partidos de toda a
região com características atribuídas formalmente ao PMDB. A identidade
peemedebista, portanto, consiste em partidos com ampla distribuição nacional,
grande representação legislativa nos municípios e Estados, fragmentação interna
por interesses regionais e individuais, ideologia amorfa e sem uma agenda
política definida. Esse perfil é denominado na pesquisa como “legislador
mediano”, ou seja, partido coadjuvante em presidencialismo multipartidário que
prefere atuar nos domínios legislativos a apresentar candidatos competitivos em
disputa majoritária. Vive sem correr muitos riscos. “São partidos que preferem
trilhar um caminho fundamentalmente legislativo ao não apresentar candidatos
competitivos para a Presidência da República. Ou seja, têm grande flexibilidade
política e ideológica para fazer parte de governos com perfil mais liberal ou
mais conservador”, diz o cientista político Carlos Pereira. Na América Latina,
o PMDB é o partido que aproveita mais as oportunidades da condição de
legislador mediano. Essa trajetória começou com a derrota de seu último
candidato ao Palácio do Planalto, Orestes Quércia, em 1994. Manteve-se nessa
posição até o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, em maio deste
ano. A partir daí, tornou-se majoritário sem ter lançado candidato à
Presidência em 2014. “As derrotas eleitorais de Ulysses (Guimarães, em 1989) e
Quércia geraram não apenas perdas dos seus respectivos candidatos à
Presidência, mas também para o partido em todas as esferas municipal, estadual
e legislativa. Essas derrotas foram um duro aprendizado para o PMDB, pois
ajudaram a solidificar uma trajetória eminentemente legislativa para o
partido”, confirma Pereira. (Estadão Conteúdo)
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