● DIGA ‘CHOCOLATE’ E LEVE SUA PROPINA, DIZ EXECUTIVO - O
executivo Hilberto Mascarenhas, chefão do Departamento de Propinas da
Odebrecht, disse aos procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal
que ‘Chocolate’ era a senha para políticos e gestores públicos pegarem valores
ilícitos. “Chegava no local e dava a senha ‘chocolate’. Vim pegar meu
‘chocolate, é cem (mil)’. Dizia senha e dizia o valor.” Hilberto contou que o
doleiro Álvaro Galliez Novis – suposto repassador de dinheiro ilícito do
esquema do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB/RJ) – foi assaltado certa vez no
Jockey Club do Rio. Os ladrões levaram entre R$ 7 milhões e R$ 8 milhões que
estavam sob a guarda de Novis. O delator foi ouvido pelos procuradores da Lava
Jato no dia 14 de dezembro, na sede da Procuradoria da República em Ribeirão
Preto (SP). Segundo ele, o esquema ‘Chocolate’ migrava de endereço
frequentemente. “No início existia um local que a área de operações
estruturadas (setor de propinas da empreiteira) passava para o diretor de obras
e este passava para o interessado final (para resgate da propina).” Depois, o
lugar de entrega foi mudando. “Porque se fizer negócio desse no mesmo local
você é assaltado todo dia. Funcionava principalmente em São Paulo e no Rio.”
Hilberto disse que o esquema começou a dar problemas. “Uma pessoa, às vezes,
não ia (pegar a propina) e aí sobrava o dinheiro lá. Aí tinha que passar gente
lá, passava segurança guardando o dinheiro.” Sobre o episódio do doleiro Novis,
o executivo contou. “Teve o assalto, ele perdeu 7, 8 milhões, teve que pagar,
era meu tava na mão dele, tinha que dar conta. Ele disse que o dinheiro estava
no Jockey Club do Rio, mas que não podia fazer nada porque estava sofrendo
pressão. Se fizesse qualquer coisa de polícia, a filha deve estava correndo
risco. Ia bancar. Cobrei dele metade de todas as comissões dele até conseguir
pagar, levou dois ou três anos.” Depois que foi assaltado, Novis contratou uma
transportadora de valores para manter sob guarda tanto dinheiro de propina.
“Prá guardar o dinheiro que sobrava na mão dele. Gato escaldado”, disse o
delator. (Estadão)
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