PF DIZ EM RELATÓRIO QUE EX-MINISTRO
INDICOU EXECUTIVO PARA DOLEIRO PRESO
Segundo PF, deputado André Vargas disse a Youssef que
Padilha indicou. Ex-ministro da Saúde negou indicação destinada a laboratório de doleiro.
Do G1, com informações do Jornal Nacional
Documentos da Polícia Federal apontam indícios de
envolvimento do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha com o doleiro Alberto
Youssef, preso durante a Operação
Lava Jato sob a acusação de chefiar um suposto esquema de lavagem de
dinheiro que, segundo a PF, movimentou cerca de R$ 10 bilhões.
A Polícia
Federal analisou o conteúdo de 270 mensagens trocadas de 19 de
setembro do ano passado a 12 de março deste ano entre Youssef e o deputado
André Vargas (PT-PR).
Em uma das trocas de mensagens, em 28 de novembro do ano
passado, a PF encontrou a citação ao nome de Padilha que, para os policiais, é
possivelmente o ex-ministro da saúde Alexandre Padilha.
Na ocasião, segundo documentos da PF, André Vargas diz a
Youssef que Padilha indicou um executivo para o Labogen, laboratório do doleiro
que teria sido usado no esquema de lavagem de dinheiro. Continue lendo...
- Vargas diz: "Achei o executivo".
- Youssef responde: "Ótimo, traga ele para nos reunirmos e
contratarmos".
- Vargas responde: "Sexta ele estará aí. Dá o número do celular e fala que é Marcos, estaráem São
Paulo no dia seguinte ou segunda e que foi o Padilha que
indicou".
- Vargas responde: "Sexta ele estará aí. Dá o número do celular e fala que é Marcos, estará
Segundo o relatório da PF, "Marcos" é Marcuz Cezar
Ferreira de Moura, coordenador de promoção de eventos da assessoria de
comunicação do Ministério da Saúde na gestão de Padilha. Depois, Moura
participou de reuniões na Labogen.
A PF concluiu que existem "indícios que os envolvidos
tinham uma grande preocupação em colocar à frente do Labogen alguém que não
levantasse suspeitas das autoridades fiscalizadoras".
No inicio da noite, a assessoria do ex-ministro Alexandre
Padilha divulgou nota na qual nega ter feito a indicação do executivo.
"O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha repudia o
envolvimento do seu nome e esclarece que não indicou nenhuma pessoa para a
Labogen. Se como diz a Policia Federal, os envolvidos tinham preocupação
com as autoridades fiscalizadoras, eles só poderiam se referir aos
filtros e mecanismos de controle criados por Padilha dentro do Ministério da
Saúde justamente para evitar ações deste tipo. A prova maior disso é que nunca
existiu contrato com a Labogen e nunca houve desembolso por parte do Ministério
da Saúde", diz a íntegra da nota.
André Vargas afirmou que não recebeu de Padilha nenhuma
indicação e disse que responderá a todos os questionamentos "nos foros
competentes". Segundo o deputado, "vazamentos seletivos e fora do
contexto não podem servir a qualquer prejulgamento".
Deputados
A investigação menciona também o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP). Em uma troca de mensagens de 25 de setembro passado, Youssef diz a André Vargas: "Achei que vc estivessse aqui na casa do Vacarezza". Vargas responde: "Tô indo;"
A investigação menciona também o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP). Em uma troca de mensagens de 25 de setembro passado, Youssef diz a André Vargas: "Achei que vc estivessse aqui na casa do Vacarezza". Vargas responde: "Tô indo;"
Para a polícia, o doleiro Alberto Youssef mantinha relações
com o deputado federal Cândido Vaccarezza, "inclusive indicando que houve
uma reunião na casa do deputado, reunião esta entre Alberto Youssef, o deputado
André Vargas e Pedro Paulo Leoni Ramos", ministro no governo Fernando
Collor e diretor de uma empresa que é sócia oculta do Labogen.
Vaccarezza disse que conhece Pedro Paulo Leoni Ramos e
Alberto Youssef, mas não tem relações de amizade com eles. O deputado também
negou que tenha realizado na casa dele uma reunião com Vargas e os demais
mencionados na investigação da PF.
O relatório sobre as mensagens trocadas entre o doleiro e o
deputado André Vargas mostra que a rede de contatos deles chegou também à Caixa
Econômica Federal por meio do Funcef, o fundo de pensão da Caixa, terceiro
maior do país.
Por mensagem, Youssef pergunta se pode falar em nome de
Vargas em uma reunião no Funcef. O deputado responde que sim. A PF relata ainda
que André Vargas tem um contato no Funcef: Carlos Borges, diretor de
Participações Societárias e Imobiliárias, membro do conselho da Vale. Borges
não foi localizado para comentar.
No relatório, a Polícia Federal demonstra a proximidade
entre o doleiro e o deputado André Vargas, que combinam caronas e até uma
visita para tomar café na casa do parlamentar. (G1 Jornal Nacional)
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