‘COPA’ ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO TERMINA SEM GOL
No jogo eleitoral que disputaram durante a Copa do Mundo, os
três principais candidatos à Presidência tiveram boas e más atuações e
terminaram praticamente empatados – ou seja, nenhum levou vantagem sobre os
demais e o impacto de tudo na campanha tende a ser mínimo. Esse é o placar
observado por cientistas políticos de quatro escolas que analisaram os
episódios mais significativos do torneio – vaias e xingamentos à presidente
Dilma Rousseff, ataques à “elite branca”, a ideia de intervir no futebol, as
críticas, recuos e silêncios de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) e as
derrotas do Brasil contra Alemanha e Holanda. A pesquisa Datafolha divulgada na
quinta-feira, segundo eles, mostra pouca alteração no cenário pós-Copa. Embora
aponte pela primeira vez empate técnico entre Dilma e Aécio no 2.º turno (44% a
40%) e redução da diferença dela para Campos (45% a 38%) nesse cenário, houve
estabilidade nas preferências do 1.º turno: a petista tem 36%, o tucano, 20% e
o candidato do PSB, 8%. “As variações do Datafolha para o 1.º turno são mínimas
e para o 2.º, estão dentro da margem de erro”, diz Leonardo Avritzer, da
Universidade Federal de Minas Gerais. Como ele, Marco Antonio Teixeira, da
Fundação Getulio Vargas, diz que “o efeito Copa está passando rapidamente”. “O
lastro é pequeno e o cidadão está voltando ao dia a dia”, afirma. Para o
professor de Teoria Política da Unesp Milton Lahuerta, “não dá para imaginar
ocorrências da Copa que impliquem em mudança de voto”. O próprio diretor do
Datafolha, Mauro Paulino, já havia dito que o saldo da disputa, na pesquisa,
“pode ser considerado um empate sem gols entre governo e oposição”. Na
avaliação de José Álvaro Moisés, da USP, a Copa ocorreu “em um momento de
transição do País”, em que a capacidade crítica cresce após os protestos de
junho de 2013 e as incertezas na economia persistem. “(Dilma) fez uma tentativa
equivocada de aproveitar os resultados esportivos (…) e isso vai ter efeito em
sua popularidade. Só não sabemos se será significativo.” (Gabriel Manzano,
Agência Estado)
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