MARINA É PROBLEMA DE AÉCIO, NÃO DE DILMA
Por Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania)
Pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial
recém-divulgada traz más notícias, sim, mas não para Dilma. Quem se deu mal com
a reviravolta no quadro eleitoral foi Aécio Neves e até os “nanicos”, que já
chegaram a somar 9 pontos percentuais e agora somam 5.
Para este Blog, nenhuma surpresa. No começo da tarde de
sábado, este que escreve já avisava, via Twitter, o que o Datafolha mostraria.
Antes de prosseguir, vale comentar “análise” de Elio
Gaspari que a mídia “bombou”. O resultado do Datafolha mostra como esses
“colunistas” não escrevem análises, mas torcidas.
O título do texto de Gaspari basta para esclarecer do que
se trata: “Aécio atingido é dúvida, mas dano a Dilma na eleição é certeza”. O
título perdurou durante toda a tarde de domingo na home do UOL, com o exato
teor acima. Porém, foi alterado para “O
PR-AFA de Eduardo Campos acertou Dilma”.
Seja como for, os fatos mostram que quem perdeu mais com
a candidatura de Marina foi Aécio. Continue lendo...
Em primeiro lugar, Aécio, que tinha presença garantida em
um eventual segundo turno, tendo mais de 10 pontos à frente de Eduardo Campos,
agora está (numericamente) em terceiro lugar na disputa. Dilma continua com
larga vantagem à frente do segundo colocado, Marina.
Em segundo lugar, a aprovação ao governo Dilma cresceu
SEIS pontos.
Em terceiro lugar, a vantagem de Dilma sobre Aécio em um
eventual segundo turno entre ambos, aumentou bastante. Chegou a ser de 44% a
40%, ou 4 pontos, no Datafolha; agora, contra Aécio a vantagem é de OITO
pontos, ou seja, dobrou.
Numericamente, Marina tem 4 pontos à frente de Dilma no
segundo turno (47% a 43%), o que configura empate técnico porque a diferença
fica na margem de erro de 2 pontos percentuais – Marina pode ter 45% e Dilma,
também. Mas essa situação tem tudo para ser transitória.
Em primeiro lugar, a pesquisa foi feita em meio à comoção
com a morte de campos. Em segundo lugar, pesquisa recente de uma divisão da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) sobre como o noticiário está
tratando os candidatos a presidente (o dito “manchetômetro”) mostra que Dilma –
e só Dilma – está sendo massacrada pela mídia, mas isso mudará com o início do
horário eleitoral, a partir desta terça-feira.
Passada a comoção e com a campanha de Dilma finalmente
podendo dar a sua versão dos fatos no maior tempo de televisão e rádio entre
todos os candidatos, será difícil que Marina continue se projetando sobre a
petista no segundo turno. A tendência é de que fique com o patamar de Eduardo
Campos ou de Aécio.
De sábado para cá, aliás, Reinaldo Azevedo, um porta-voz
quase assumido do PSDB, já começava a bater em Marina, criticando a exploração
política que ela tem feito da morte de Campos.
Nesta segunda-feira, Reinaldão continua batendo em
Marina. Não há prova maior de que Aécio está perdendo muito com a candidatura
dela.
Claro que a militância petista também criticou Marina por
rir e fazer “selfies” durante o velório do ex-companheiro de chapa no velório
dele, sobre seu caixão. Porém, a militância não tem as informações de Reinaldo,
que já foi muito bem instruído pelo PSDB.
O comportamento desse jornalista tucano aponta para o que
deve acontecer até o dia 5 de outubro: Marina e Aécio vão se engalfinhar pelo
segundo lugar, mas o Datafolha mostra que Marina tem muitas vantagens sobre
ele.
Marina, pelo menos até aqui, não tem esqueletos no
armário como o tucano – Aécioportos, etc. Dilma carrega o peso do PT (mensalão,
etc.), mas contra si não pesa nada. Tanto quanto contra Marina.
Aliás, se forem analisar partido por partido o PSB também
tem muita gente acusada de corrupção.
A questão é a imagem dos candidatos. O Datafolha revela a
fraqueza da candidatura de Aécio e a força da candidatura de Dilma, que está no
seu piso há muito tempo. Imaginar que poder dar sua versão dos fatos no horário
eleitoral não irá melhorar sua aprovação, é temerário.
Mais uma vez: hoje, a voz de Dilma é quase inaudível
diante do massacre midiático que o “manchetômetro” da UERJ revelou. A partir
desta terça, Dilma, Lula e o PT vão poder falar. E terão muito, muito, muito
espaço para tanto.
A previsão deste Blog, pois, é a de que a campanha de
Dilma vai simplesmente deixar Marina e Aécio se engalfinhando pelo segundo
lugar, de forma que aquele entre os dois que chegar ao segundo turno, chegará
meio estropiado.
Claro que Aécio tomará cuidado porque, caso passe para o
segundo turno, precisará do apoio de Marina. Contudo, se ela se aliar a ele
oficialmente no segundo turno, atrairá sua rejeição, que deverá crescer muito.
Com todo o bombardeio que tem sofrido, Dilma não perdeu
um único ponto. Aécio perdeu pouco (tinha 21% e agora tem 20%), mas perdeu.
Dilma ganhou aprovação ao seu governo e perdeu rejeição. Tudo de bom para ela.
Chega à campanha na TV melhor do que disse a maioria dos “analistas” da grande
mídia.
Além de tudo isso, nas próximas semanas o Brasil saberá
mais sobre Marina. A coordenação de sua campanha por uma das donas do banco
Itaú é um fato que a população não sabe, mas que, ao saber, fará com que reveja
a imagem de candidata “socialista’.
Finalmente, àqueles que possam julgar que Marina no poder
não seria a mesma coisa que Aécio, digo que se enganam. Seria uma títere da
mídia e do capital.
Contudo, Marina tem um problema com o capital, com o
agronegócio. Aécio, não. Por mais que o capital não tenha tanta força em
eleições quanto se pensa, seguramente tem influência e acha que Marina é menos
previsível do que o tucano.
Trocando em miúdos: o capital não deve fazer tanta força
por Marina quanto fará por Aécio.
Para Dilma, às portas do início do horário eleitoral no
rádio e na tevê, o quadro é muito melhor do que o esperado. Quem estiver
pensando em pular fora do barco dela, convém aguardar. A tendência é de que
ganhe musculatura eleitoral nas próximas semanas. (Blog da Cidadania)
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