O amistoso Brasil x Argentina no Catar envolveu uma ampla
engenharia financeira e, agora, levanta suspeitas por parte de investigadores
da Suíça e dos Estados Unidos. Documentos obtidos pela reportagem revelam que o
dinheiro pago no jogo em novembro de 2010 envolveu três paraísos fiscais e pelo
menos oito entidades – duas eram de fachada. No total, um único jogo movimentou
US$ 8,6 milhões oficialmente. Mas a suspeita dos investigadores é de que outros
pagamentos tenham ocorrido por acordo secreto. A Agência Estado revelou no
início da semana que a Justiça suíça fez uma operação de busca na sede de uma
das empresas envolvidas na partida, a Kentaro. Era a empresa quem, entre 2006 e
2012, organizava os amistosos do Brasil e havia sido contratada por Ricardo Teixeira,
ex-presidente da CBF. Mas a suspeita dos suíços é de que o jogo no Catar foi
usado para pagar propinas a cartolas no Brasil e Argentina, em troca de votos
para a escolha da Copa do Mundo de 2022. A eleição na Fifa da sede ocorreu 20
dias depois da partida em Doha. Investigadores revelaram que apresentaram ao
CEO da Kentaro, Philipp Grothe, um organograma de qual teria sido o fluxo de
dinheiro para aquele jogo. Grothe, no dia 27 de maio, confirmou que ele
conhecia o esquema e, de fato, ele já havia repassado as mesmas informações
para Michael Garcia, o ex-investigador da Fifa que pediu demissão de seu cargo
ao ver que seu trabalho havia sido enterrado por Joseph Blatter, presidente da
entidade. Quem pagou pelo jogo foi a GSSG, empresa de construção no Catar que
está erguendo as principais obras da Copa do Mundo de 2022. O dinheiro, em
seguida, foi enviado à empresa sediada em Zurique, a Swiss Mideast. Um total de
US$ 8,6 milhões foram dados para Kentaro organizar o jogo e pagar as duas
seleções. A empresa, porém, deu uma comissão de US$ 2 milhões para uma
sociedade de Cingapura, a BCS. O pagamento foi apenas por terem “feito a
apresentação” entre as partes envolvidas no jogo. (Jamil Chade, Agência Estado)

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