JURISTAS DIVERGEM QUANTO À POSTURA DO CONGRESSO SOBRE
PROCESSO DE IMPEACHMENT
A postura que o Congresso adotará diante da aceitação,
pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, da abertura do processo
de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não encontra unanimidade entre os
juristas. Na opinião do professor Walber de Moura Agra, da Faculdade de Direito
do Recife, uma decisão pelo impeachment logo após a aprovação do projeto de lei
que muda a meta fiscal de 2015 enfraquece o discurso parlamentar a favor da
retirada de Dilma do poder. “O Congresso não teria credibilidade para votar o
impeachment”, afirma Agra. Para ele, haverá “perda de legitimidade do discurso”
se os deputados decidirem pelo impeachment. O pedido aceito pelo deputado
Eduardo Cunha foi aberto com base na rejeição das contas de 2014 pelo Tribunal
de Contas da União (TCU) e a própria Câmara alterou nessa quarta-feira (2) a
meta fiscal de 2015, de R$ 66,3 bilhões de superávit para R$ 119 bilhões de
déficit. Para o especialista em direito eleitoral e promotor em Minas Gerais,
Thales Cerqueira, o Congresso “se viu obrigado” a alterar a meta para poder
arcar com despesas básicas, como o pagamento de pessoal. “O Congresso, fora a
base do governo, se viu obrigado para não afundar a economia do país. Senão nem
despesas ordinárias seriam pagas”, disse ele. “Essa mudança da meta é para
salvaguardar a economia. Eles [os parlamentares] podem justificar que tiveram
que aprovar [a nova meta] até por conta da maquiagem nas contas”, completa o jurista.
Cerqueira entende que o Congresso Nacional foi “refém” do atraso no repasse de
recursos para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, referentes a
despesas com programas sociais do governo. Thales Cerqueira acredita que há
elementos que justifiquem uma abertura do processo de impeachment da
presidenta. “O que está atrelado ao impeachment não são só os atrasos nos
repasses dos recursos. O grande mal é uma história de corrupção que vem desde o
mensalão”, diz. Já Walber Agra vê Dilma em uma situação jurídica “confortável”
no momento. Na sua opinião, não há atualmente provas consistentes suficientes
para motivar o impeachment. “Mas com a Operação Lava Jato aí, nunca se sabe”,
acrescenta. Leia mais na Agência Brasil. (Marcelo Brandão, Agência Brasil)
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