Ao suspender as diligências do inquérito contra o senador
Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), cancelou os depoimentos do parlamentar e de testemunhas, inicialmente
marcados para cumprimento em 90 dias, e a coleta de evidências na documentação
e arquivos apreendidos pela Operação Lava Jato que pudessem contribuir no caso.
Na decisão que barra o avanço do inquérito e manda o pedido de apuração de
volta para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para sua
reavaliação, o ministro considerou não haver elementos novos que justificassem
a continuação da investigação. Entre a abertura do inquérito para investigar o
senador e o cancelamento das diligências foram cerca de 24 horas. O
procurador-geral havia pedido ainda à Corte autorização para obtenção e juntada
aos autos de cópias de documentos da Operação Norbert, de apreensões feitas na
Youssef Câmbio e Turismo, na época da deflagração do caso Banestado – escândalo
de evasão de cerca de R$ 30 bilhões do Banco do Estado do Paraná na década de
1990. Estas diligências também foram suspensas. Uma das bases do pedido de
Janot é a delação do senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS), em que ele
liga Aécio Neves à suposta corrupção na estatal de energia em Furnas. A outra é
a Operação Norbert, deflagrada no Rio. Na petição ao Supremo, por meio da qual
pede abertura de inquérito contra o senador tucano, Janot afirmou que a
investigação sobre a suspeita de corrupção ‘merece reavaliação’. Em março de
2015, o Supremo arquivou, a pedido do próprio Janot, a investigação sobre o
presidente nacional do PSDB. O procurador apontou ‘inexistência de elementos
mínimos’. Naquela época, os investigadores tinham em mãos a delação premiada do
doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, citando
Aécio. Delcídio Amaral disse que ‘sem dúvida’ o tucano recebeu propina em um
esquema de corrupção em Furnas que, segundo o ex-líder do Governo Dilma
Rousseff, era semelhante ao da Petrobras, envolvendo inclusive as mesmas
empreiteiras. O ex-senador, cassado na semana passada por suspeita de tramar
contra a Lava Jato, tem experiência no setor elétrico, conhece o ex-diretor de
Engenharia de Furnas Dimas Toledo, apontado como o responsável pelo esquema de
corrupção, e disse ter ouvido do próprio ex-presidente Lula, em uma viagem em
2005, que Aécio o teria procurado pedindo que Toledo continuasse na estatal. (Estadão
Conteúdo)
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