CÉSAR BRASIL: “NOSSA CULTURA ESTÁ ENTREGUE NAS MÃOS DE
FORASTEIROS”
O compositor e cantor denuncia que é ignorado pelo
secretário de Cultura, Nato Aguiar
“Nossa cultura está entregue nas mãos de forasteiros.
Gente que não é da nossa cidade quer mandar na cultura e nos descartar como se
nós fôssemos cartas de baralho, descartar a gente e tomar o nosso lugar. Não
querendo dar uma de barrista, mas como santareno, sou da opinião que a nossa
cultura tem que ser comandada por santareno”, assim desabafou um dos ícones da
cultura santarena, o compositor e cantor César Brasil, mais conhecido por
Pinduca Junior, em entrevista à nossa equipe de reportagem.
De acordo com ele, o momento cultural na Pérola do
Tapajós evidencia uma forma de tratamento diferenciado entre os que fazem a
cultura local.
“A cultura tem que ser feita para todos, não só para uma
minoria, uma espécie de panelinha. Tem que ser para todos, para as pessoas que
fazem a cultura, que fazem música, e que promovem diversas manifestações
culturais em terras santarenas”, afirma César Brasil.
Segundo o ícone da cultura local, o fato de ser ignorado
pelo gestor da cultura santarena, Nato Aguiar, ganhou forte proporção quando
não teve convite para participar do ‘Show Canta Santarém’, que aconteceu na
Praça de São Sebastião, na semana de comemoração de mais um aniversário da
cidade.
César Brasil é reconhecidamente uma figura criativa,
capaz de refletir em suas obras, a essência cultural mocoronga, traduzindo a
realidade do povo e suas instituições. Autor de vários sucessos, ele também é
responsável pela criação do hino do São Raimundo Futebol Clube, do hino do
Tapajós Futebol Clube e hino do Norte Clube. Compôs, também, músicas para
homenagear os festivais culturais, tais como o Festival da Farinha e o Festival
do Tacacá.
Sua mais recente obra foi uma canção para homenagear o
Tour da Tocha Olímpica por Santarém, fato esse que nem mesmo com tanto esforço,
foi reconhecida pela coordenação oficial do evento.
“Já fiz e continuo fazendo muito pela cultura santarena,
porém, a Secretaria de Cultura deixa a desejar em todos os aspectos. O
secretário Nato Aguiar, em todos os eventos, se coloca na programação. Ele é o
primeiro acionado para cantar. Aí coloca outro que é lá de Óbidos, que é de
Belém, enquanto os daqui ficam de fora. Eu acho isso errado, se ele é o
Secretário, tem que comandar a Secretaria de Cultura. Para cantar, ele tem que
dar a vez para outras pessoas. Eu penso desta forma, mas ele não. No
aniversário da cidade, no ‘Show Canta Santarém’, ele era o primeiro da lista de
apresentação, e o segundo era de Óbidos, e assim foi. Alguns cantores locais
ficaram esquecidos”, diz César Brasil.
FESTIVAL: O compositor e cantor santareno também
criticou a organização do Festival de Música, realizado pela Secretaria
Municipal de Cultura.
“É como se fosse pedra de bingo no congelador. Aquelas
pedras já certinhas para ganhar. Inclusive, um dos participantes falou para mim
que já sabia quais eram as três músicas que iam chegar na final. Então, isso é
pedra marcada. Pelo jeito que está, eles pensam que fazer cultura, cantar é só
para quem mora no centro da cidade, que são pessoas consideradas metidas a
rica. E as pessoas que moram nos bairros afastados não tem capacidade. Porém,
eu acredito que é muito pelo contrário. As pessoas da periferia é que fazem as
músicas mais lindas de Santarém”, afirma Brasil.
César lamenta o que está acontecendo com a cultura
santarena, e diz que caso não for feito nada para mudar a realidade, a
tendência é que a população perca a sua identidade cultural, e conclui fazendo
um desabafo: “Me sinto desprestigiado. Eu não sei se eles fazem vistas grossas
para mim. Mas com toda sinceridade, eu fiquei muito triste por não ter
participado do ‘Show Canta Santarém’, porque eu merecia estar lá. Fiquei
angustiado, porque eu sou santareno, amo minha terra e gostaria de ter prestado
essa homenagem”, finalizou o cantos e compositor César Brasil. (Por: Edmundo
Baía Júnior - Fonte: RG 15/O Impacto)
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