quinta-feira, 13 de abril de 2017

● Jornalista presta homenagem ao amigo Alcimar Gama falecido nesta quinta (13) em Santarém

● ALCIMAR LUTOU CONTRA A REPRESSÃO E PELO DIREITO A EDUCAÇÃO PARA TODOS – O Alcimar Gama foi contemporâneo de uma turma de jovens idealistas que morou na Ceuma, a Casa do Estudante Universitário do Médio e Baixo Amazonas, no bairro de Batista Campos, em Belém. Também estava junto de outros estudantes que migraram do Oeste do Pará em busca de conhecimento e novos horizontes na capital, no início dos anos 80. É do tempo do Antônio Dezincourt , João Batista, Otacílio Amaral, Eduardo Dias, Raimundo Ronaldo, Alexandre Wanghon, entre tantos.
Alcimar cursava a UFPa, onde se graduou em Economia e, carinhosamente, era chamado de Sacisão devido seu tamanho avantajado. Foi líder estudantil militante de uma das tendências da esquerda que se abrigavam no PMDB. Nessa época, o PC do B existia na clandestinidade e o PT ainda estava em organização. Então, quem era contra a ditadura se abrigava na sigla peemedebista, não necessariamente inscrito nesse partido.
Em 1984, no segundo congresso de reestruturação da UNE - União Nacional dos Estudantes - no Maracanãzinho, no RJ, época de enfrentamento ao governo militar, eu estava lá representando o curso de Comunicação e o Alcimar a tendência política dele. O Rio era governado por Leonel Brizola, inimigo declarado dos militares, e o medo da repressão era evidente. Ali "bebemos" muitas ideias de resistência politica. Quando voltamos a Belém, a luta pela democratização continuou cada um em sua trincheira. A campanha pelo direito à meia passagem, no primeiro governo de Jader Barbalho, foi uma delas. Enfrentamos muita repressão da Polícia Militar nas passeatas que saíam do campus do Guamá até o Mercado de São Brás, quando tomávamos os ônibus para pressionar o então governador a conceder o benefício da meia passagem.
Certa vez, Alcimar foi massacrado durante um confronto com a tendência Despertar, que era ligada ao PDS, sustentáculo político do Governo do general Figueiredo. Apesar dos ferimentos, Alcimar não desistiu da luta pela liberdade, igualdade e pelo direito à educação pública para todos. Hoje, a meia passagem é uma realidade. Valeu toda aquela resistência.
Que a memória guarde para sempre a luta do Alcimar Gama em defesa da soberania do povo, pois na história seu nome há de ficar gravado como um bastião da democracia.

Por Álvaro Vinente – Jornalista, Belém 13/04/2017 - Alcimar faleceu nesta quinta (13) em casa por problemas cardíacos.

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