● ÇAIRÉ OU SAIRÉ, A FÓRMULA ME PARECE REPETITIVA PARA UMA
REGIÃO TÃO CRIATIVA - Sairé ou Çairé não importa. Resgatar, preservar,
valorizar e divulgar a festa é o que importa. Sairé ou Çairé é cultura popular,
é tradição, é turismo. Mistura que gera emprego e renda. O que é muito válido mesmo que a festa de
Alter-do-Chão seja uma clonagem do boi de Parintins, igualmente copiado pelo Festival
das Tribos de Juruti.
Está certo que tudo o que é bom merece ser copiado. Mas a
fórmula me parece repetitiva para uma região tão criativa. Nos três casos, o
formato do espetáculo é idêntico: apenas dois grupos rivais e só uma lenda são
levados à arena. Todo ano é o mesmo formato. Mudam as fantasias, as músicas,
algumas coreografias, mas na essência é o mesmo do mesmo. Ou o mais do mesmo.
Pode-se comparar a um filme com várias interpretações.
Mudam os atores, os figurinos, os cenários, mas a história é a mesma do começo
ao fim. Sem surpresa. Essa zona de conforto não tira o brilho das festas.
Continuam sendo um belo exemplo da rica diversidade cultura da Amazônia.
Mas se é tão rica, por que não sair dessa zona de
conforto e explorar toda essa riqueza?
Tudo bem que a experiência ensina que “em time que está
ganhando não se mexe”. Mas um pouco de ousadia não vai fazer o time perder. Ao
contrário, pode ganhar muito mais, principalmente se vencer novos desafios.
E qual seria o desafio? Como todo respeito ao boto, em
vez de repetir essa conhecida lenda, a festa poderia contar outras histórias,
outros personagens da Amazônia. Exemplo: a própria história de Santarém, a
época áurea da borracha, os segredos e as belezas do Tapajós, a diversidade da
fauna e da flora, ou a lenda da Cobra Grande ou a do Muiraquitã. Enfim, o que
não falta é história pra contar.
Se os donos do Tucuxi e do Cor-de-Rosa não aceitarem o
desafio, então que se crie um novo evento, mais plural, mais diversificado,
mais amplo, mais amazônico do que a repetida lenda dos botos. (Enviado pelo
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