● MAGNO MALTA USA CPI PARA SE CACIFAR COMO VICE DE
BOLSONARO - Presidente de uma CPI no Congresso pela quarta vez, o senador Magno
Malta (PR-ES) tem um desafio pela frente: conseguir adiar o fim da comissão no
Senado que investiga maus-tratos a crianças e adolescentes. O prazo acaba neste
mês e sua intenção é prorrogá-lo até o fim do primeiro semestre de 2018. Isso
porque as reuniões do colegiado têm sido usadas como uma espécie de “palanque”
eleitoral para o senador, ligado à bancada evangélica, e cotado para ser vice
em uma eventual chapa presidencial do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) – de
malas prontas para o Patriota. “Isso é coisa das redes sociais”, diz Malta
quando questionado sobre a dobradinha. Ele admite, porém, afinidade de ideias
com o vice-líder nas pesquisas de intenção de voto. “Nós somos amigos, defendemos
a família, a Pátria, acreditamos em um País que canta o Hino Nacional”, afirma
o senador. Fotos dos dois juntos estão nas redes sociais tanto nas de Malta
quanto nas de Bolsonaro. A atuação do senador na CPI da Pedofilia, concluída em
2010, o tornou uma espécie de celebridade nas redes sociais, sobretudo em
grupos de direita. Desde então, tem usado o tema como uma das principais
bandeiras e na CPI dos Maus-Tratos repete a estratégia que lhe garantiu a
reeleição há sete anos. “Está detectada uma movimentação mundial e com foco no
Brasil a partir dos museus. Eles descobriram que poderiam abrir caminho para a
legalização da pedofilia no mundo, incutindo na mente das pessoas a partir da
arte”, afirmou o senador em uma das primeiras reuniões do colegiado, ainda em
outubro, quando pegou carona nas polêmicas envolvendo a exposição Queermuseu,
em Porto Alegre, e a performance La Bête, em São Paulo, para promover a CPI. As
duas mostras foram acusadas nas redes sociais de incentivar a pedofilia. “A
enxurrada de denúncias de pedofilia foi muito grande quando criamos a CPI. E o
que acabou contaminando o debate foi que os casos das exposições tiveram
reações muito fortes da sociedade”, diz o senador José Medeiros (Podemos-MS),
relator da CPI. Pessoas ligadas às duas mostras foram convocadas a dar
explicações e vídeos com declarações de Malta enfrentando os depoentes foram
difundidos por simpatizantes do senador, sempre com milhares de visualizações.
(Estadão)
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