terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

● TEXTO ARENGUEIRO - Circula nas redes sociais assinado por Sgt PM 73, tirando o maior sarro com o General Braga Netto.


● TEXTO ARENGUEIRO TÁ CIRCULANDO NAS REDES SOCIAIS: "BOM DIA, GENERAL BRAGA NETTO!” - Seja muito bem vindo ao caos do Rio de Janeiro. Estamos ansiosos por mudanças e melhorias. Só gostaria que o senhor entendesse que, aqui, nossos soldados da Briosa não têm 18 anos de idade como no Exército Brasileiro. Muitos são casados, têm filhos, pagam Pensão Alimentícia, estão cheios de empréstimos consignados em seus contracheques, se desdobrando entre a escala apertada e o bico a fim de conseguir algum justo acréscimo financeiro... Não temos tempo para pintar meio fio, capinar quartel, passar cal nos muros, fazer educação física e ordem unida - e exatamente por isso muitos de nós não está em boa forma física... (Assina: Sgt PM 73) Leia mais aqui 

...Não temos diversos tipos de fardamento (farda de passeio, de educação física, de gala, de combate), temos apenas um mug velho e surrado.
Treinamento???
Na Briosa isso é para poucos, somente os "estrelas" e as Praças Especializadas. Barriga azul do Batalhão convencional só treina quando bate de frente com vagabundo, com uma sutil diferença: nosso alvo não é de papel, é de carne e osso, e revida!!! Aqui, não tem "tiro de boca".
Na "nossa guerra" (que não é de forma alguma nossa nem somos os culpados por ela), temos o inimigo de boné, bermuda e chinelo com AK-47 nas mãos (esse é o inimigo mais fácil e previsível de se combater) e temos o inimigo oculto que se esconde atrás de um terno e gravata, e que tem o poder da caneta, essa sim a arma mais letal já inventada pela humanidade...
Uma caneta nas mãos de quem tem poder, faz mais estragos que qualquer metralhadora .50 (ponto cinquenta) senhor!
Esse inimigo (de terno e gravata) é o mais impiedoso que existe. Não temos treinamento para combatê-lo. Pois é ele quem nos obriga a trabalhar por longas 24h (vinte e quatro horas) em favelas conflagradas, circulando com viaturas sucateadas e gambiarradas, com pneus carecas, sem blindagem; com armamento velho, obsoleto, sem manutenção e propenso a pane; com coletes vencidos e fedorentos; tendo como base um contêiner de lata, sem refrigeração, sem alojamento descente, obrigados a descansar em colchonetes no chão para não sermos alvos faceis; obrigados a comer quentinhas e dar descarga no vaso sanitário com balde.
Espero que o senhor, com sua longa experiência no Exército Brasileiro com mais de quarenta anos de serviço, consiga motivar e dar ânimo aos policiais com apenas quatro anos de caserna entre nós, que já perderam as contas de quantos colegas enterraram, e que pensam em largar a profissão.
Espero também que o senhor tenha um bom poder de persuasão sobre os membros do Ministério Público, do Judiciário; da Comissão de Direitos Humanos da OAB - para que invertam a sua atual "lógica" e passem as nos enxergar e às nossas famílias como seres humanos, sobretudo; e dos parlamentares que só entram em favelas nas vésperas das eleições, para pedir votos.
Essa guerra é desleal com os Policiais Militares, pois não temos sequer satisfatoriamente treinamento, fardamento, alimentação, apoio logístico, e o pior não temos apoio nem reconhecimento da população, por quem sacrificamos nossas vidas diariamente.
Diariamente somos massacrados pela mídia, por "policiólogos" que só conhecem a violência pela TV, nas construções teóricas mirabolantes das universidades e debates em seminários que de concreto nada trazem à solução da questão social mais em evidência, sem romantizar e vitimizar criminosos - eles não têm peito ou coragem para estar lado a lado com qualquer de nós em um tiroteio sequer... -, e não temos apoio jurídico para nos defender quando erramos, porque somos humanos também. E frações de segundos podem transformar um herói em um vilão.
Enfim, poderia escrever um livro sobre a guerra diária no Rio de Janeiro, mas prefiro apenas resumir: Tenho 17 anos de serviço policial (na ponta da lança), tenho alguns autos de resistência, já fui baleado e pude perceber que o momento em que a gente é socorrido por nossos colegas de farda e nossa vida está nas mãos dos médicos da rede pública, só Deus mesmo é quem pode decidir se é ou não chegada a nossa hora.
Nós policiais do Rio de Janeiro, estamos à espera de um milagre. Mas, enquanto nosso Salvador não volta, temos um General do Exército Brasileiro enviado com a missão de  botar ordem no caos...
Portanto, tenha sempre em mente: estamos todos confiando no senhor, 01!
Bem vindo à guerra!
Sgt PM 73

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