● AGRONEGÓCIO SE QUEIXA DE DECLARAÇÕES DE ARAÚJO - O
setor agropecuário manifestou, em carta obtida pelo Estadão/Broadcast,
preocupação quanto às declarações do ministro das Relações Exteriores, Ernesto
Araújo, sobre a relação do Brasil com a China. A carta foi enviada por
associações que integram o Instituto Pensar Agro como sugestão para a
presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O presidente da FPA,
Alceu Moreira, decidiu não entregar a manifestação, depois de encontros com o
governo e, principalmente, após a ministra da Agricultura, Tereza Cristina,
anunciar uma missão para a China. “A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)
gostaria de externar a sua preocupação em relação às supostas declarações
reproduzidas pelo noticiário nacional, nas quais teriam sido feitas afirmações
no sentido de diminuir a importância das relações comerciais entre Brasil e
China”, diz a carta. Em aula magna para os alunos do Instituto Rio Branco, na
semana passada, o ministro falou, entre outros tópicos, sobre a relação
diplomática com a China. “Queremos vender, por exemplo, soja e minério de
ferro, mas nós não vamos vender a nossa alma. Isso é um princípio claro que
temos muito presente”, disse. “Muita gente quer que nós vendamos a nossa alma e
muita gente não acha que tenhamos nenhuma alma para vender. E querem reduzir a
nossa política externa a simplesmente uma questão comercial. Isso não vai
acontecer.” A carta destaca que a China se tornou o principal parceiro
comercial do País desde 2009. “O desenvolvimento da economia chinesa tem
elevado as demandas dos produtos agrícolas brasileiros”, diz a carta,
ressaltando que o Brasil tem superávit de US$ 32 bilhões com os chineses e que
os produtos mais exportados aos chineses são soja, celulose, carne bovina,
frango, açúcar e algodão. Por meio de sua assessoria, a presidência da FPA
informou que Moreira fará uma visita oficial ao chanceler para apresentar a
pauta do agronegócio. A reunião ainda não tem data, mas deve ocorrer após a
visita oficial aos EUA. Moreira já teve reuniões com a ministra da Agricultura
e com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A carta assinala ainda que
“o estabelecimento de uma agenda pautada no pragmatismo econômico é o único
caminho possível para quem vislumbra o crescimento econômico de uma Nação”.
“Reiteramos nossa confiança em vossa capacidade para trilhar esse caminho, com
a sensibilidade de que o agronegócio brasileiro não pode abrir mão de seus
principais parceiros estratégicos, com quem mantém próxima relação comercial”,
aponta. (Estadão)
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