terça-feira, 11 de maio de 2021

● HISTÓRIA DE ORIXIMINÁ - Nesta terça-feira 11 de maio Anthymio Wanzeller Figueira, mais conhecido por Grouxy ou Guruxi, figura histórica de Oriximiná, se vivo, completaria 110 anos.

● NESTA TERÇA 11 DE MAIO, GROUXY COMPLETA 110 ANOS - ORIXIMINÁ – REMINISCÊNCIAS – (Fonte: João F. Guerreiro – Site Espoca Bode) Anthymio Wanzeller Figueira, mais conhecido por Grouxy ou Guruxi, deixou-nos como legado um dos poucos registros sobre Oriximiná, reunidos em um pequeno livro, “Oriximiná”, e por essa razão divulgaremos nesta página esses registros para que os mais jovens possam conhecer um pouco mais da história de Oriximiná.

Esse livro foi lançado em Belém, em 1994, durante festa anual de confraternização da Associação Desportiva e Cultural de Oriximiná, realizada na sede social do Pará Clube. Dona Aurélia Wanzeller Figueira, irmã de Grouxy, veio do Rio de Janeiro, onde morava, e participou desse momento emocionante para todos nós.

Dentre as anotações feitas por Seu Grouxy, encontramos relatos de passagens, reminiscências, verdadeiras relíquias que nos remetem a uma época da qual temos, aparentemente, poucos registros - ou estão à espera de uma análise mais detida, e que sempre imaginamos com uma aura de bucólico romantismo.

Antes de apreciar as primeiras Reminiscências, uma breve apresentação do autor, feita, eu suponho, por sua irmã, Aurélia, no livro “Oriximiná”.

Possuía apenas o curso primário completo e mais algum estudo feito no Ginásio Professor Marcos Nunes na cidade de Óbidos, mas era dotado de uma facilidade de compreensão, de um senso crítico perspicaz e atento: um pertinaz autodidata.

Desde menino tocava flauta nas festas religiosas, nas festas dançantes e onde mais exigissem sua presença. Aprendeu música em Oriximiná, com quem não se sabe, mas sabia de verdade! Era capaz de pegar uma partitura, sem nunca ter visto, solfejar assobiando a música e imediatamente transmitir a melodia. Um privilegiado!

Como bom brasileiro também gostava de futebol e foi jogador. Na época de sua mocidade o único divertimento que havia na cidade era o jogo de bilhar, no qual Grouxy se aperfeiçoou e não havia quem o vencesse.

Alegre, brincalhão, bonachão, era também muito boêmio, boêmio mesmo, mas cumpridor de seu dever, de suas obrigações. Descendente direto dos Figueira dizia que não levava desaforo para casa, o que era “tradição” da família... Na verdade, era “brigão”, mas possuía bons amigos.

Simples e não afeito a reuniões e cerimônias, quando comparecia a uma delas, era por motivo de serviço. Nada de aparatos com ele...

“Faleceu em março de 1983, aos 72 anos, deixando 11 filhos vivos, fruto da primeira, segunda e terceira “fornadas”, como ele dizia.

● AURÉLIA WANZELLER FIGUEIRA - Trata-se neste capítulo, a que denominei Reminiscências, da enumeração dos primeiros movimentos culturais e outros levados ao público lá pelos idos de 1924 e 1925, porém, antes de descrevê-los vou abrir aqui uns parênteses para relatar fatos que muito me são gratos relembrar e me enchem de orgulho, e que não deixam de ser reminiscências.

A primeira Escola Municipal Mista da Vila de Oriximiná foi dirigida por minha mãe Adélia do Brasil Figueira (1910). Depois, essa Escola passou a denominar-se Escola Elementar Mista de Oriximiná, continuando em sua direção a professora Adélia (1911).

Em 1931, quando Oriximiná ainda pertencia ao Município de Óbidos, a mesma escola recebeu o nome de Escola Isolada Mista de Oriximiná, tendo como dirigente a professora Adélia que, posteriormente, com a emancipação do Município (1934) passou a servir ao Grupo Escolar de Oriximiná até aposentar-se em 1947.

Portanto, a professora Adélia foi a pioneira do ensino em Oriximiná, de quem muito me honra ser filho. Com ela começou o meu aprendizado.

Contaram-me que uma estudante que permaneceu em Oriximiná, no primeiro ano do então Projeto Rondon, deu uma entrevista a um jornal do Rio, dizendo que o número de analfabetos era praticamente nulo, o que se devia a grande colônia italiana aqui existente. Que me perdoem os italianos, mas eles mesmos podem provar que se deveu principalmente a Prof. Adélia Figueira que ensinou três gerações durante 37 anos, sem contar o tempo em que trabalhou no Rio Cachoeiri.

Outros professores estiveram aqui e muito contribuíram para o ensino em Oriximiná: Dr. Antônio Terra de Oliveira, cuja escola era só para o sexo masculino (foi meu professor); Prof. Assumpção (professor de filhos dos pseudo "ricos"); Profa. Maria Queiroz (escola particular); e outra que não recordo o nome. Alguns passavam muitos anos, outros iam logo embora.

Outro fato muito gratificante para mim foi a nomeação de minha filha Maria de Nazaré

Figueira para exercer o cargo de Diretora do Grupo Escolar de Oriximiná. Foi a primeira professora normalista nascida em Oriximiná (1947/48).

Meu pai, Antonio Figueira, foi o primeiro Agente dos Correios e primeiro Administrador do Mercado, quando Oriximiná ainda era anexada ao Município de Óbidos, em cujos cargos permaneceu até a data de seu falecimento em 1935. Muito tempo depois foi nomeada, já com a denominação de Tesoureira dos Correios e Telégrafos, a oriximinaense Maria José Collares (Zezé).

Ainda me cabe mencionar que o primeiro Promotor Público, bacharel em direito, nascido em Oriximiná, foi meu filho Mario Ney Souza de Figueira (1963).

Um fato interessante: minha irmã Aurélia (Geucy) quando deixou Oriximiná, em 1940, que eu saiba, era a única mulher oriximinaense que possuía curso primário completo. Vejam só!!!

Hoje, graças a Deus, já existem inúmeros oriximinaenses (homens e mulheres formados em várias profissões, tais como advogados, contadores, médicos, engenheiros, professores, administradores (nesta o meu filho Mário Newton Souza de Figueira), agrimensores (nesta também o meu filho Antonio Carlos Soares Figueira) e muitas outras.

Como se vê tenho o privilégio de fazer parte de uma famí1ia ligada ao pioneirismo na nossa querida Oriximiná. Sei que me vão criticar destrutivamente, mas não importa porque estou dizendo a verdade e duvido que alguém me conteste.

Fechado o parêntese vamos iniciar a nossa viagem por Oriximiná. Comecemos pela Banda de Música.

● BANDA DE MÚSICA - Não me ocorreu a designação da primeira banda que abrilhantava, na época, as festividades do glorioso padroeiro Santo Antonio, em sua Capelinha no local onde hoje existe o Grupo Escolar Senador Lameira Bittencourt.

Foi no ano de 1924 que houve a demolição da pequena Capela e a construção da atual Igreja Matriz na Praça São Sebastião, hoje Santo Antônio.

Fui contra a mudança, mas o que poderia fazer um garoto de 13 anos de idade, embora chefiando a turma de acó1itos, contra as poderosas famílias que residiam próximo a Praça onde foi construída a nova Igreja?

Não sou contra o desenvolvimento e progresso das cidades, entretanto, toda vez que passo por aquele lugar em que existia a Capelinha de Santo Antônio, acho que ali devia existir, pelo menos, um marco registrando aquela Praça que tão gratas recordações trazem aos antigos oriximinaenses. Terminando este registro passemos a Banda, propriamente dita. Lembro de alguns músicos e passo a citá-los:

Jose Carvalho (padeiro), bumbo;

Dídimo Wanzeller (meu tio), clarinete;

Antonio Figueira (meu pai), oficlide e baritono;

Francisco Lopes, contrabaixo;

Hilário Lopes, bombardino;

Venâncio Lopes, trombone;

Romualdo Vicente, trompa;

Emídio Figueiredo, clarinete;

Hildebrando Figueiredo, piston;

Manuel Luiz Cardoso, tambor;

Cazuza Carvalho (José), pratos.

Era menino, mas me lembro perfeitamente. A Banda se reunia na única praça que existia em Oriximiná e tocava durante todas as tardes de domingo. Era a distração que havia na cidade.

Nós, crianças, rodeávamos a banda, ouvindo encantadas, admiradas das músicas. Mas não éramos só nós, crianças, os adultos também ficavam ao longe, encostados, parados, apreciando as melodias. Eu, então, não me continha e desejava tocar um daqueles instrumentos e acabei tocando flauta.

Até hoje eu me pergunto com quem eles aprenderam música? Um com o outro, como? Autodidatas? Força de vontade? Não atino como podia ser, pois não havia escola para isso e todos eles tocavam e cantavam por música.

Lembro que meu pai, porque era rara a presença de padres em Oriximiná, "tirava" ladainhas em casas particulares, rezando e cantando. Tudo devia ser muito rudimentar, mas eu não compreendia. (Fonte: João F. Guerreiro – Site Espoca Bode)


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