quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Porque Belém é minha casa... Ainda que a memória me falhe, os rodapés me guiarão de volta à minha estante...


● BELÉM É MINHA CASA... Ando nela sem receio algum de me perder... Conheço a mobília, os cômodos, as tábuas soltas no assoalho, às gavetas que abrem, as que não abrem, as torneiras pingando, o ranger das portas, os cheiros bons e os nem tanto, as telhas com goteira, as paredes, forros e porões que deixei de olhar e hoje pedem minha atenção... Contudo, durante o dia ela é ensolarada, clara, azul e quase verde... e, se cai a noite e vem o escuro, consigo encontrar nela tudo o que quero sem sequer tatear.. Porque Belém é minha casa... Ainda que a memória me falhe, os rodapés me guiarão de volta à minha estante, aos meus livros, às minhas raízes que não saem daqui... Claro! Sei dos problemas que minha casa tem... Não me envergonho deles; muitos, quase todos, não tiveram em mim sua origem, afinal tantos viveram nela nos séculos de sua existência... Sim, não me conformo com eles e busco remediar os efeitos deletérios com soluções possíveis, nem todas no agora, talvez num amanhã que o sol trará - certo como a chuva cairá de grandes nuvens cor de chumbo... Sei bem, pois Belém é minha casa... E nela tu és bem-vindo, bem-vinda... Todos são... Pode entrar.. Tu também... Vem! Te aprochega... Mas se nela chegas e a deprecias, achando-te melhor do que as mazelas que não conseguiste ajudar a resolver recolhe-te ao purgatório dos ingratos... Ainda que ela, generosa, não guarde ressentimentos, eu guardo... bem guardados no gelo da minha indiferença.

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