Em entrevista ao jornal O Globo, Moraes afirmou que um
dos planos consistia na sua prisão por parte das Forças Especiais do Exército,
que o encaminharia para Goiânia. Outra ideia se baseava em um homicídio, com o
corpo do ministro sendo largado no caminho para a capital goiana. A terceira
possibilidade era mais extrema, com enforcamento do magistrado na Praça dos
Três Poderes.
“Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas
pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, afirmou
Moraes ao jornal.
O magistrado disse que não reforçou a sua segurança após
os ataques golpistas, mas que aumentou a vigilância sobre a sua família.
Em julho do ano passado, Moraes estava acompanhado da sua
mulher e do seu filho no aeroporto de Roma, na Itália, quando foram
hostilizados pelo casal de brasileiros Ricardo Mantovani e Andreia Munarão. Um
relatório da PF analisou que “aparentemente” o filho do ministro levou um tapa
no rosto desferido por Mantovani.
Moraes diz que STF não permitirá ‘qualquer tipo de
impunidade’
Quase um ano depois da invasão e depredação da sede dos
Poderes, o STF já condenou 30 acusados pelos atos golpistas. Outras 29 ações
penais viraram o ano em aberto e devem ser finalizadas na primeira semana de
fevereiro, quando a Corte voltar do recesso.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Moraes
afirmou que o STF agiu com “celeridade e eficiência” para responder aos ataques
contra os Três Poderes. Ao todo, o ministro é relator de 1.345 processos contra
golpistas do 8 de janeiro.
“A democracia é intocável e o STF não permitirá qualquer
tipo de impunidade. (…) As Instituições mostraram sua maturidade e fortaleza,
defendendo a Constituição, a democracia e o Estado de Direito”, afirmou Moraes
ao Estadão.
Moraes disse que Abin monitorava os seus passos
Moraes também afirmou ao O Globo que a Agência Brasileira
de Inteligência (Abin) fazia o monitoramento dos seus passos para “quando
houvesse necessidade” de realizar a sua prisão.
Em outubro, a sede da Abin foi alvo de buscas e
apreensões pela Polícia Federal (PF) após os investigadores identificarem o uso
de um sistema de espionagem da agência para mais de 30 mil rastreamentos.
Moraes está na lista de alvos.
O programa de espionagem utilizado é israelense e tem capacidade
de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes
2G, 3G e 4G. Segundo a PF, 1.800 usos desse programa foram destinados à
espionagem de políticos, jornalistas, advogados, adversários do governo do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ministros do Supremo.
Golpistas tentariam convencer Exército após GLO, diz
Moraes
Na entrevista, Moraes também disse que existia uma ordem
dos financiadores dos atos golpistas para uma invasão do Congresso Nacional até
que houvesse um decreto de uma Garantia de Lei e da Ordem (GLO) pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após a GLO, eles tentariam convencer o Exército
a aderir ao movimento antidemocrático.
“De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir,
invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse
retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O
que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma
confusão maior, e sim a intervenção federal”, disse o ministro do Supremo ao O
Globo.
Perguntado sobre as lições deixadas pelo 8 de janeiro,
Moraes defendeu a regulação das redes sociais, chamando-as de “terra sem lei” e
disse também que políticos que tiverem participação comprovada nos ataques
devem ser “alijados” da vida pública. “Quem não acredita na democracia não deve
participar da vida política do País”, afirmou.
(Fonte: Gabriel de Sousa/Estadão)
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