● O LABIZÔNIO QUE QUASE VIROU CHURRASCO
★Pará Visagento★
São Miguel do Guamá assim como muitas cidades do Pará sofriam com a falta de energia, e quando conseguiam um avanço tecnológico era um pequeno gerador que ficava ligado até às dez da noite. Após isso o breu tomava de conta. 
Meu avó se chama Antônio Gomes e morava em São Miguel do Guamá na época era solteiro e demais nó cego, cabocô festeiro e toda sexta feira era selado, juntava os amigos do trabalho e partiam caçando festa.
Trabalhavam numa olaria na fabricação de tijolos, profissão bem comum até os dias de hoje na região, pioneira na produção de ceramica.
Numa dessas sextas-feiras começou a aparecer um porco muito grande que na volta das farras botava os oleiros pra correr.
Isso acontecia sempre, e já enfezados, tiveram a ideia de dar cabo no bicho. Durante a semana meu avô e os amigos armaram um plano pra pegar o porco.
Chegou o dia, sexta feira saíram pra festa cada um com um porrete e esconderam em local estratégico na beira da estrada.
Aproveitaram a festa, dançaram, beberam, paqueraram as moças e na volta já era umas quatro da madrugada. Pegaram o caminho de volta e foram recolhendo os porretes.
Em dado momento na estrada ouviram o estalo dos dentes do porco e o avistaram no meio do caminho. Porco porrudão preto olhos mais negros que a noite.
Meu avô que era o cabeça da turma berrou à plenos pulmões:
‐ Hoje o leitão vai pra panela!
Eles cercaram o bicho e o bicho avançou pra cima que nem cachorro brabo e daí começou a pisa, cacete pra todo lado. Só se ouvia os berros do animal fazendo eco na noite. 
E enfim ele foi abatido...
E falaram: - Parente bora fazer porco assado aqui mesmo, vai busca uma faca pra sangrar!
A essas alturas já estava amanhecendo e eles na maior anarquia se distrairam, e quando um deles olhou, no lugar do porco havia uma pessoa caída. Era o vizinho do meu avô mortinho da silva. 
Mandaram rápido chamar a mulher do mesmo e ela veio e confirmou que ele virava labizônio e contou que fez pacto com o demo pra ficar rico e de fato ficou muito rico mas do nada empobreceu. E virar labizônio foi o preço. 
E no fim das contas não teve churrasco e ainda tiveram que fazer o funeral do vizinho. Ninguém levou culpa, porque na lei não existe porcocídio.
Esse foi o causo do labizônio de São Miguel do Guamá que por pouco não virou gente na churrasqueira ou entre os dentes do meu avô. Já pensou parente! 
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