● ISOLADO NA FLORESTA: A HISTÓRIA DO ÚLTIMO SOBREVIVENTE DE UM POVO INDÍGENA -Tanaru, conhecido como “Índio do Buraco”, viveu sozinho na Amazônia até morrer em 2022. Caso é inédito no STF.
O Fantástico mostrou a história do último sobrevivente de
um povo indígena. Conhecido como o Índio do Buraco, ele vivia isolado na
floresta amazônica e resistiu ao contato com o homem branco até sua morte, em
2022. Uma discussão inédita, na mais alta corte do país, vai decidir o destino
da terra dessa etnia misteriosa. Veja no vídeo acima.
Último sobrevivente do seu povo
Sem pista da sua etnia, a FUNAI passou a chamar o
indígena de "Tanaru", nome de um rio da região.
Tanaru, apelidado de “Índio do Buraco”, foi o último sobrevivente
de seu povo, massacrado por fazendeiros. Ele viveu isolado por mais de 25 anos
na Terra Indígena Tanaru, em Rondônia.
A floresta onde vivia guarda um mistério: mais de 1.300
buracos escavados no solo, retângulos do tamanho de uma pessoa, sem vestígios
de comida ou uso sanitário. A origem e o propósito desses buracos permanecem
desconhecidos.
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PRIMEIRO CONTATO E ACOMPANHAMENTO - A Funai confirmou a existência de Tanaru na
década de 1990, após imagens mostrarem o indígena armado com arco e flecha. Ele
recusou alimentos e ferramentas oferecidos, mantendo a distância. Ao longo dos
anos, sinais como roças cultivadas e árvores derrubadas para coleta de mel
indicavam que estava bem de saúde.
Primeiro registro do indígena Tanaru — Foto: Reprodução Fantástico
Tanaru nunca demonstrou hostilidade, mas também não
aceitava aproximação. A única comunicação possível era por gestos e assovios.
“Tentamos conversar, mas ele não falava, não respondia,
nada”, lembra Adonias Jabuti, da Funai.
Em uma das raras interações, ele apontou uma flecha para
a equipe, recuando apenas quando os visitantes se afastavam.
“Ele não atirou no Altair, mas em mim, porque identificou
a câmera como uma arma”, conta o documentarista Vincent Carelli.
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MASSACRES - A região onde Tanaru viveu foi intensamente desmatada a partir dos
anos 1980, durante a ditadura militar. Caminhões carregados de madeira saíam
diariamente, e a floresta parecia infinita — até ser quase totalmente
destruída.
A ocupação da terra foi facilitada por um documento
chamado “certidão negativa de presença indígena”, que, em vez de proteger, acabou
sendo usado para justificar remoções forçadas e massacres. Estima-se que mais
de 8 mil indígenas foram mortos nesse período.
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A MORTE E O LEGADO - Em agosto de 2022, equipes da Funai encontraram Tanaru
morto em sua rede, cercado de seus artefatos. Ele usava um cocar e um colar de
sementes.
“Estava olhando para a porta, com as pernas cruzadas e a
mão na cabeça”, descreve Adonias.
A autópsia não identificou a causa da morte. Ele viveu em
53 palhoças diferentes, sempre em fuga. Após sua morte, o corpo foi levado para
Brasília, mas o laudo foi inconclusivo. O enterro só ocorreu 71 dias depois,
após pressão de organizações indígenas.
Registro de indígena isolado - Amazônia — Foto: reprodução Fantástico
● DISPUTA PELA TERRA - Mesmo após o sepultamento, invasores foram flagrados na terra de Tanaru. Ambientalistas e indígenas pedem ao Supremo Tribunal Federal que o território seja interditado como forma de reparação histórica.
“Nada mais justo que essa floresta continue em pé, como
símbolo da resistência indígena”, afirma Fábio Ribeiro, do Observatório dos
Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados.
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