GRAÇA SOFRE DESGASTE, MAS DILMA A MANTÉM NO CARGO
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, sofreu mais um
grande desgaste nesta semana ao divulgar avaliação de que ativos da estatal
estariam inflados em R$ 88,6 bilhões. E sua imagem no Palácio do Planalto
piorou ainda mais com as declarações de que a exploração de petróleo cairá “ao
mínimo necessário” e de que haverá corte de investimentos e desaceleração de
projetos. Mesmo assim, a presidente Dilma Rousseff e os ministros que a cercam
entendem que, apesar dos problemas e da sustentação política da executiva ter
descido mais um degrau, é importante a permanência de Graça no cargo para
continuar na função de colchão, uma barreira para evitar que a crise da empresa
atinja o Palácio do Planalto e a presidente Dilma diretamente. “Foi mais um
desgaste”, disse um interlocutor direto da presidente Dilma, ao revelar que,
apesar disso, “não há nenhum sinal” de que o comando da empresa será alterado.
O núcleo palaciano sabe, no entanto, que vão aumentar as pressões pela
substituição de Graça e a diretoria da empresa. Dilma, no entanto, continua a
resistir às pressões porque acredita na capacidade e na honestidade de Graça
Foster, além do que a eventual saída levaria a crise para dentro do Palácio.
Perdas e danos. Por essa avaliação, Graça Foster teria agido de forma ingênua
ao revelar a estimativa de R$ 88,6 bilhões de perdas potenciais com ativos
superavaliados. Além disso, lembra-se nos bastidores que os números
contabilizados como ligados à corrupção na empresa eram da ordem de R$ 4
bilhões. Da forma como Graça apresentou, ficou parecendo que todos os R$ 88,6
bilhões se referiam a desvios. Nessa conta, está embutida também a variação em
dólar do preço do petróleo e de projetos mal planejados. A justificativa de
Graça era de que o mercado cobrava este dado e que, ao apresentar o número,
liquidaria esta questão de uma só vez. Tudo isso, no entanto, acabou causando
um dano à imagem da Petrobrás. Ao anunciar que os investimentos serão reduzidos
e a exploração de petróleo cairá “ao mínimo”, Graça Foster foi na contramão do últimos
discursos da presidente Dilma, seja na sua diplomação, na posse ou mesmo na
última terça-feira, durante a primeira reunião ministerial. Em todas estas
oportunidades, além da presidente ter falado na melhoria da governança da
empresa, Dilma reiterou que a Petrobrás “é a mais estratégica para o Brasil e a
que mais contrata e investe no País”. (Estadão Conteúdo)
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