domingo, 25 de janeiro de 2015

● Estado rico do povo pobre: o Pará caminha para 20 anos sendo governado pelo PSDB, colecionando os piores índices sociais da nação

PARÁ FIGURA DE NOVO ENTRE PIORES DO PAÍS
Sob todos os ângulos que se possa observar, a vida no Pará não é das mais fáceis, especialmente para as famílias que habitam a periferia das cidades, privadas de serviços essenciais como água, tratamento de esgoto e coleta de lixo.
Dados recentes levantados pela consultoria Macroplan para o estudo “Desafios da Gestão Estadual” confirmaram o que há muito tempo a população do Pará vem sentindo na pele. Quando o assunto são condições de saneamento e habitação, o Estado se posiciona entre os últimos no país. Por outro lado, é campeão em número de “aglomerados subnormais” (favelas ou habitações improvisadas). Não por acaso, o déficit habitacional chega a 12,2%, ocupando a 21ª posição no Brasil. 
No ranking do saneamento básico, o Pará ocupa a 24ª posição. E estamos na 25ª posição no que diz respeito à coleta de lixo e abastecimento de água. “Os novos governadores encontrarão, em geral, um cenário macroeconômico desfavorável e verão seus limites de atuação estreitados pela restrição de recursos. Será preciso ‘fazer mais com menos’. Será necessário inovar na gestão, definir prioridades e avançar em eficiência”, alertam os técnicos no estudo.
PRECARIEDADES
Para os paraenses, contudo, o histórico alimenta poucas esperanças no curto e médio prazo. “Moro aqui há 30 anos e nada melhorou”, diz o pedreiro José Ribamar, 49 anos, morador de uma vila improvisada com casas de madeira coladas umas às outras no bairro de Canudos. Apesar de receber água da Companhia de Saneamento nas torneiras, ele conta que todos os dias, religiosamente, o abastecimento é cortado às 22h. Para ter o lixo coletado, ele caminha cerca de 500 metros até uma rua mais movimentada, onde passa o caminhão da prefeitura. Como em toda a vizinhança, a casa de Ribamar não tem coleta de esgoto. Os dejetos vão para uma fossa improvisada.
O estudo da Macroplan atesta que a situação de José Ribamar não é exceção. No Pará, apenas uma de cada três residências recebem o saneamento básico adequado.
A dona de casa Maria de Fátima Borges divide uma casa de três cômodos no bairro do Guamá com 12 pessoas (marido, filhos, netos). “Meu sonho é que tirem essa vala daqui da frente”, diz, apontando para o lado de águas escuras e cheiro fétido que ocupa a frente da residência. “Esta calçada foi meu marido que fez”, afirma, referindo-se à passagem improvisada feita de tábuas. 
Para Jéssica Gomes, 21 anos, e Venceliana Espírito Santo, 81, o problema é o lixo, que atrai moscas e torna impossível uma atividade prosaica, como sentar em frente à casa para conversar com os vizinhos. “Tem gente que vem de fora jogar lixo aqui”, conta Venceliana, apontando para uma área na confluência das ruas 9 de Janeiro como Moura Carvalho. Há muito tempo o local estava destinado a uma praça, mas, para desespero dos moradores, virou depósito de lixo e chamariz para moscas. 
GUERRA DE NÚMEROS
Responsável pela Companhia de Saneamento (Cosanpa), o governo do Estado afirma que, apesar dos índices vergonhosos, há “avanços” na área de infraestrutura. “O governo do Estado prefere não contestar os números do ranking porque não estão claramente definidos a metodologia, a fonte primária de informações e os parâmetros utilizados pela publicação”, afirmou o Estado por meio da assessoria, mas ponderou que “existem diversos outros indicadores absolutamente confiáveis e com resultado muito diferente daquele que é apresentado”.
“O Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras, por exemplo, revela que a Região Metropolitana de Belém (RMB) está entre as cinco que apresentaram mais avanços no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), em termos relativos, entre os anos de 2000 e 2010”, diz o governo.
Em relação ao saneamento, o Estado promete investimentos para ampliar a rede de abastecimento e beneficiar 500 mil pessoas. A Cosanpa, por sua vez, também informa que há recursos do Programa e Aceleração do Crescimento (PAC2) já aprovados para investimentos em saneamento. (Diário do Pará)

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