domingo, 15 de novembro de 2015

As entranhas da relação entre Lula e a Odebrecht são um dos mais bem guardados segredos do Brasil.

Em junho deste ano, a Operação Lava-Jato atingiu o coração da maior empreiteira do país. Por decisão do juiz Sergio Moro, a Polícia Federal prendeu executivos da Odebrecht - entre eles, o próprio Marcelo Odebrecht, presidente e dono da construtora. A empresa foi parceira preferencial do governo Lula, quando fechou contratos bilionários com a Petrobras. Ela também manteve a parceria com Lula mesmo depois de ele deixar o cargo. 0 ex-presidente recebeu 4 milhões de reais da empresa, oficialmente como pagamento por palestras. As entranhas da relação entre Lula e a Odebrecht são um dos mais bem guardados segredos do Brasil. Marcelo Odebrecht e seus subordinados presos recusaram-se até agora a admitir, perante os procuradores, terem sido autores de qualquer ato irregular. A negação completa das acusações, mesmo perante evidências altamente reveladoras, faz parte da estratégia da Odebrecht de não comprometer o nome da empresa no exterior - de onde ela aufere cerca de 50% de sua receita anual.

Os advogados da empreiteira atuam com o objetivo de demonstrar aos executivos encarcerados que para eles não seria vantajoso colaborar com o Ministério Público e a Polícia Federal. Eles são constantemente lembrados por Marcelo de que a empresa trabalha para livrá-los das acusações e não mede despesas na ajuda direta a seus parentes.

Uma demonstração de apoio em troca do silêncio foi batizada de "caixinha da mamãe". Parentes dos executivos da Odebrecht presos foram convidados a depositar em uma caixa de papelão as contas relativas às despesas da família -escola dos filhos, academia de ginástica, supermercado, cartões de crédito. A empresa prometeu saldar os débitos. Três executivos da construtora continuam presos e calados sobre os eventos que culminaram no prejuízo de 7,1 bilhões de reais que, segundo a Lava-Jato, a empreiteira deu aos cofres da Petrobras. Perto desse valor, a "caixinha da mamãe" é um preço muito baixo a pagar pela conivência dos executivos presos. (Por Daniel Pereira - Revista Veja) 

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